quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Em que planeta vive a casseta?

No último dia 18 fomos agraciados pelo "Casseta e planeta", da Rede Globo de Televisão com um quadro no mínimo instigante. Vimos ali uma representação perjorativa e ridicularizadora do presidente eleito dos Estados Unidos, Barac Obama. Na peça, apresentou-se um Obama festeiro, que transforma a cobertura da casa branca numa lage típica das casas dos morros e favelas brasileiros. Isso não se trata de humor, trata-se de desrespeito.

No primeiro post deste blog comentei sobre a representação do negro. Hoje, dia da Consciência Negra, vejo-me obrigado a repetir o assunto porque, ao que parece, alguns ainda não entenderam a importância dele. No tipo de representação feita pelo "Casseta e planeta", não se está apenas desrespeitando uma autoridade (o presidente eleito dos EUA), mas também (e mais grave ainda, no nosso contexto cultural) está-se estereotipando o negro como pobre, como deselegante, como o que habita em "cafofo", que é como eles chamam o quadro ("No cafofo do Obama",). Aliás, essa referência explícita à Casa Branca com "cafofo", colocando essa fala na voz do Obama por eles criado, suscita algumas perguntas: por que, em todos esses anos, apenas quando um negro ocupa a Casa Branca ela é chamada de "cafofo"? Porque a brincadeira não poderia ser feita com nenhum dos brancos que ali habitaram? Será porque nossos estereótipos internalizados não aceitariam isso? E por que aceitá-lo com um negro?

Ainda há a questão da referência a Osama Bin Laden, sendo associado a Barac Obama. Quanto a isso eu sinceramente "prefiro não comentar", para usar um bordão da própria emissora. Não comento porque acho um ultraje, a ser respondido em tribunais e não em posts num humilde blog soteropolitano.

O que espanta é que um afro-descendente - tido como tão inteligente - como o é Helio de La Peña se preste a um papel desses. Chega a dar o que pensar quanto à conscientização das pessoas, e falo aqui principalmente dos próprios afro-descendentes, com respeito ao problema que é sua representação nos meios midiáticos e ao imaginário que isso acaba criando.

Um comentário:

Flordeju disse...

Concordo plenamente com sua argumentação, ainda mais absurda é a continuidade desse programa de "humor" ridículo.